18.12.10

Atlas - Diary travel to Marroco * Diario Viagem a Marrocos - * Marruecos Diario de viaje * Carnet de Voyage Maroc


Montanhas do Atlas
As casas pelo caminho fundem-se na paisagem, como se tivessem emergido da propria terra.
Alguns povos, parecem ruinas abandonadas.
Atravessamos agora as montanhas do Atlas, paisagem rochosa onde as povoacoes, tal qual camaleao, se fundem na paisagem, fazendo cama no sope das montanhas.
La em cima, nos picos mais altos, avista-se neve, e a temperatura vai descendo, a medida que vamos subindo.



...
Paramos numa pequena povoaçao berbere no meio das montanhas.
As pessoas sao todas muito amistosas, tem sempre um sorriso sincero e verdade no olhar.
Numa loja de uns amigos do Paul, tranformaram-me por completo!
O dono da loja, Abdul, enfiou-me uma tunica ate aos pes pela cabeça abaixo, um lenòo enrolado na cabeça, uma fita com lantejolas na cabeça, por cima do lenço, e, como se nao bastasse, ainda me pintou os olhos com Khool, uma especie de po preto que se usa por aqui.
Ofereceram-nos cha, jantar, musica, boa companhia e cama para pernoitar.
Qualquer hotel luxuoso na cidade de Marrakesh, nao me chegaria a preencher a alma como o calor humano que recebi nesta experiencia.
Puseram musica berbere e claro...dificil resistir...dancei.
Vao bebendo o cha berbere ao final da tarde, fumando o seu charro, ouvindo musica berbere e jogando xadrez.
Vida simples.
Passo a noite de 13 para 14 de Dezembro num pequeno quarto numa loja berbere, vestida a berbere, bebendo o delicioso cha e dançando a musica deles, algures em Amtoitan, no meio do alto das montanhas do Atlas.
E eis que arrefece, a noite cai, e com ela cai um veu gelado da noite a enrelejar os ossos das maos e dos pes.
Estou em esforço para conseguir mover a mao para escrever estas palavras que vos deixo.
Sao pessoas simples, pobres, dadas, sorridentes e felizes.
É uma experiencia que nao irei esquecer.
O viver com os povos que visitamos, conhecer os seus habitos, culturas e formas de estar na vida.
E andam as gentes dos povos que se dizem desenvolvidos a engolir livros zen e de espiritualidade, a meditar, para as vezes ter vidas tristes.
Eles nao viram nada, nao sabem nada, e ainda assim, sabem viver felizes, no mundo que conhecem.
A vida deles e no meio das montanhas.
Antes de começar a viagem, decidimos vir sem destino, para assim, ficar abertos as surpresas da propria viagem.
Esta, foi a primeira.
Intensa, verdadeira, genuina.
Sentei-me a ve-los jogar xadrez, enquanto ia escrevendo o diario.
Havia um movel aqui ao meu lado cheio de pedras. Ainda nao lhe tinha prestado muita atençao.
Pedras negras redondas e algumas partidas, com cristais brancos la dentro (Calcit).
Eles mostraram o que eram as pedras pretas.
Pois resulta que estas pedras parecem grandes ovos negros, estao presas com um elastico, porque estao partidas ao meio. Abriram as pedras e qual nao e o meu espanto quando...Abrem as pedras e eram ametistas em estado puro la dentro!!!
Um dos cristais que mais gosto e uso...Ametista, ali, num grande ovo a brilhar...senti uma coisa no peito...
Ametistas rosas, lilazes. Fiquei extasiada a comntemplar os cristais, com meia rocha em cada mao, senti o meu coraçao vibrar, aumentar de tamanho.
Eram pedras que nunca foram tocadas, em bruto, com a sua potencia energetica e magnetismo no seu auge.
Fiquei...maravilhada!
...
O mesmo senhor que mevestiu e pintou, esta agora a fazer o jantar, que e tipico daqui: Tajine.
Sao feitos em potes de barro, em forma de cone, piramide. Pode levar varias coisas, mas esta levou oleo tipico daqui, cebola, nabo, pimento, courgette, beringela, batata, tomate e expeciarias.
Alem de Abdul, esta aqui na loja amigos dele, aqui das lojas ao pe, Mohamed e Abdul.
A noite sobe gelada, fui la fora ver o céu. Esta limpo. A lua vai alta na noite, crescendo em si mesma.
A noite azul escura pintada de estrelas.
Estamos a 2600 metros de altitude, no local da montanha Tichka, algures no caminho das montanhas do Atlas entre Marrakesh e Ouarzazate, o nosso proximo destino.
Para ir devolvendo as maos a vida, colocaram aqui ao pe de mim um braseiro com umas timidas brasas, que ajudaram a começar a sentir as pontas dos dedos.
Tenho os pes gelados e os dedos transformados em cubos de pedra.
Gostava de vos poder transportar nesta atmosfera por estes dedos que atabalhoadamente vos escrevem.
Sinto-me, uma vez mais, acolhida entre estranhos.
Chamam-me Fatima, ou, Aisha, e falaram-me algo da mao de Fatima, que nao entendi bem.
Dizem que tenho os olhos de mulher berbere.
O comer vai-se fazendo lentamente, toca a musica do cd, o silencio colectivo faz-se escutar.
Sinto como que estamos todos em silencio, mas preechidos pela musica que envolve o ambiente.
Esta noite, jantamos aqui na loja e ficamos a dormir la em cima.
Fui la fora, e ja uma fogueira se faz em chamas, prometendo brasas para nos aquecer nesta noite que promete gelar ainda mais.
Ainda assim, tenho o peito quente com o cha que vou bebendo e da simplicidade do apenas estar.
Apenas existir, sendo o proprio momento.
Vives no momento, como o momento vive em ti.
Sem planear, nem pensar nem controlar.
E quando penso que ja estava tudo, trazem-nos um prato cheio de tamaras, aqui chama-se berbere tini.
Trazem o pao, “berbere agrom”, uma especie de pao grande de chapata, uma taça de azeite de argan “sit:arfane”, que e delicioso, e uma taça com um molho que se chama “amloou”, que e feito com oleo de argain, mel e amendoas esmagadas. Hum....delicioso!!!
Vamos batendo palmas ao som da musica, vamos dando ritmo ao ambiente e calor as maos.
Bom, e com estes dois lenços enrolados a cabeça, tapando as orelhas, pescoço e tudo, entendo como as mulheres berberes aqui no meio do frio, vao mantendo a cabeça quente.
E eis que chegam mais dois rapazes para juntarem-se a festa.
Bom...posso dizer que sou a unica mulher, no meio de 6 homens.
Ainda assim, como estou com estes lençois todos na cabeça e uma tunica dourada ate aos pes, e estou sentada num dos cantinhos da loja, ate me sinto protegida.
Sao gente boa.
Dao o que teem, nao fazem demasiadas perguntas, nao querem saber quem es ou o que fazes, pouco importa.
Quando me paresentam aos que vao chegando, apresentam-me como Fatima, em vez do meu nome.
Perguntam se vamos comer com as maos ou com os pes
J
Ja tinha saudades de comer com as maos, recordo os tempos da India.
Poe-me um balde ao pe de mim e com uma chaleira de metal entornam agua quente nas minhas maos para que as lavasse antes de comer.
Hum...que boooom...agua quentinha...era mesmo isto que precisava, ja quase sinto o sangue nas veias novamente.
Trazem a terrina de barro com os legumes a cobrir a carne. Molhando o pao, vamos comendo os vegetais. E esta...delicioso!!!
Uns ja fioram embora, enquanto outros acabam de chegar, juntando-se ao grupo, e um gato amarelo a roer os ossos que lhe vao dando.
A refeiçao faz-se praticamente em silencio.
Sao homens de poucas falas, nas faces as rugas dos ventos frios que por aqui vao limando as rochas.
Termina-se a refeiçao, limpam a mesa, trazem o cha a acompanhar o ritual do fumicio.
Teem uma expressao calma.
Prepararam a cama num colchao bem largo, do tamanho das paredes do quarto e colocaram 4 almofadas.
Deram-me um saco cama e colocaram-no numa das extremidades, junto a parede do lado esquerdo.
Pensei...bom, vamos dormir aqui 4 pessoas...
Deitei-me e adormeci num pequeno quarto rustico de paredes de cimento, revestidas de objectos decorativos e mantas, e onde uma das paredes era a propria rocha da montanha.
De manha, quando acordei, pensei que quem estivesse ao meu lado, ao menos fosse o Paul.
Mas nao, so havia mais uma pessoa na cama e era Abdul.
Quando vi, dei um pulo da cama e sentei-me num apice, ficando a olhar para ele meio baralhada. Perguntei-lhe por Paul, ele disse que estava a dormir no Jeep, perguntei-lhe que horas eram e ele meio estremunhado disse que eram 7h30 da manha.
Havia uma pequena claraboia no tecto, com grades em azul que deixava ver o dia chegar.
Levantei-me, o grupo de homens ja estava em baixo na loja a preparar o pequeno almoço.
Deram-me cafe com leite o tipico pao daqui e o oleo de argane para molhar o pao.
...
Nestas montanhas nascem metais e pedras semi preciosas, cada montanha tem um minerio diferente.
Sao rochas redondas que a primeira vista ningem da nada por elas, algumas sao pretas, com a forma de um ovo, estas sao as que teem as ametistas, outras sao castanhas matizadas, estas sao pirite. A pirite, de perto do povo Eisirs, pela montanha a 5 kms daqui. As ametistas veem de Aglmos, a 15, 20 kms daqui. Em cada montanha tem uma cor diferente, dependendo do minerio que ai nasça.

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