22.12.10

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16 Dezembro 2010, Foum-Zguid
Hoje deixamos esta parada e rumamos em direcçao a Foum-Zguid, para ficar no Albergue de mais um amigo do Paul.

No caminho deixavamos cada vez mais as montanhas , nevadas para traz e a nossa frente, abriam-se desfiladeiros de montanhas de terra seca, esteril, altissimas, abrindo por vezes no horizonte um manto verde de pequenas palmeiras.

O contraste do verde com a terra.



Nao ha ningem na estrada, nao se ouve nada, o sol poe-se no horizonte, as leves e passageiras nuvens brancas sao tingidas de cor de fogo pelo astro Rei.

O cenario é idilico, a paisagem grandiosa.

A medida que saimos das montanhas, o clima vai aquecendo.
Esta cidade onte estamos agora, Foum-Zguid é a ultima povoaçao antes de entrar no deserto do Sahara.
Ficamos no albergue Iriki, www.auberge-iriki.com, ponto de paragem para os aventureiros do Sahara, que vao deixando por aqui os seus autocolantes nas paredes de diversas excursoes, ralies, jeep aventura, etc.
O dono, Said, e as pessoas que trabalham aqui, estao sempre prontos a ajudar no que for preciso. Sao cordiais e amistosos.
17 Dezembro 2010, Palmeirais e cidade em ruinas
Said no dia seguinte a estarmos aqui, levou-nos por um passeio a pé pelo meio das palmeiras, carregadas de de tamaras, pelo caminho, enchei-nos os bolsos de dliciosas tamaras, acabadas de colher pelos homens que trabalhavam ali nos campos. Eram como mel...
Passamos por uma autentica cidade em ruinas, datada de 800 anos atraz. Fiquei abismada com os labirintos feitos de terra, pedras, palha e agua, como podem sobreviver as intemperies dos seculos.
Senti-me transportada a outra época, uma autentica cidade arabe medieval!!!
O mais incrivel, é que a infancia do Said ainda foi passada nestas ruinas, e faço notar que, electricidade so chegou aqui ha 20 anos atraz.
Numa das zonas desta cidade medieval, juntavam-se mulheres, como se aquela cidade ainda tivesse vida. Said disse que velavam um morto.
Surreal...
O povo é amistoso, tranquilo.
Nesta cidade, pequena vila, nao se sabe o que é stress. Nao existe essa palavra por aqui. Vivem com o que tem, tem sempre um sorriso amistoso.
18 Dezembro 2010, Silencio...
Fomos dar uma volta de moto 4 por ai, paramos perto do que seria suposto ser um oasis, mas nao era, eram apenas montanhas, piquenicamos por ai, e, sentados, apenas se ouve...Silencio.
19 Dezembro 2010, encontro da lua com o Sol
Hoje a tarde fomos de moto 4 ate umas montanhas. Decidimos deixar a moto no sopé da montanha e trepar pela serra acima, de cascalho castanho avermelhado, faz lembrar tijolo. A montanha e esteril, apenas as pedras nascem por aqui...
Subimos, subimos, subimos, e chegamos la acima com os bofes na boca!
Visca ca de baixo, nao parecia tao alta.
Mas valeu a pena, pois chegamos no momento certo, ora vejam este cenario:
A oeste, o Sol punha-se no horizonte por detras de uma montanha la ao fundo, levando consigo os tons laranja, tingindo as nuvens de fogo.
A este, a Lua Cheia no seu auge nascia, imponente, branca, grande, rainha, trazendo consigo os tons purpura, lilas, rosa, e mais abaixo, seguindo a lua, vinha um manto azul mais escuro a anunciar a chegada da noite.
A lua estava precisamente quase no mesmo nivel do sol, como se falassem os dois.
Foi lindissimo, ainda mais, sem planear, sem esperar e visto do topo de uma montanha.
Magico!!!
21 de Dezembro 2010 Protegida
Hoje precisava andar andar andar, fui sozinha, pelo meio dos palmeirais, pelos caminhos de terra e riachos.
Nao me apetecia estar nem ver ninguem, talvez desaparecer pelo caminho.
De vez em quando via pessoas a trabalhar na terra.
Cruzei-me com um grupo de mulheres fortes, imponentes, carregando a cabeça ramos de palmeiras e pesados cestos. Entre elas ia uma menina, que correu para mim e me abraçou, como se ha muito nao me visse. Tinha uma camisola branca e um sorriso doce. Senti-me em casa com ela.
As mulheres falaram um pouco comigo, mas nenhuma sabia frances e eu nao sabia arabe. As mulheres disseram a menina para me trazer com elas e seguiram caminho.
A menina puxou-me pela mao, e disse para ir com elas, fazendo uma expressao de confiança. Assim, foi, deixei-me levar.
Pelo caminho, encontramos um homem magro, acompanhado de um burro, pobre animal, carregado ate aos ossos. Esse homem era marido de uma das mulheres fortes, que fazia tres dele, e pai da menina.
Seguimos ate a vila, e passamos por uns rapazes que trabalhavam ali na rua em algo de metais, a mulher falou com eles, como que dizendo quem seria eu, uma raparida a passear sozinha no meio dos palmeirais. Eles reconheceram-me em seguida, e disseram-lhe que estou hospedada no Iriki. Os rapazes perguntaram-me pelo Paul, disse que tinha ido de moto4.
Seguimos caminho e a menina levou-me ate sua casa. Abriu-nos a porta uma rapariga muito bonita, e ficou meio sem entender a coisa, mas foi buscar a comida para por na mesa.
A menina levou-me para uma sala, com tapetes no chao, uma televisao, algumas almofadas e uma mesa redonda de madeira, suficientemente baixa para se poder comer no chao.
Trouxeram um prato de coves migadas, que se ia comendo com pao, e um prato de peixinhos fritos pequenos, e uma tijela de fruta, laranjas bananas e maças.
As casas sao grandes, havia um terraço que separava a sala de estar, das outras habitaçoes e cozinha.
Sao gente humilde, que trabalham na terra, ainda assim, levaram-me a sua casa a comer.
Enquanto esperavamos pela comida, de ver a mulher cansada e descalça, nao resisti, e fiz-lhe uma pequena massagem nos pes.
No fim, a mulher disse a menina para me levar a estalagem. Assim foi, ainda andamos um bocado ate que chegamos. Quando aqui chegamos, as crianças aqui da rua, que vao a escola, começaram a gozar com a menina, nao percebi porque, se e por ela ser mais pobre...mas deixou-me um pouco triste.
Agradeci-lhe, dei-lhe um fio com dois coraçoes, abracei-a e la foi ela, pelo meio dos palmeirais.
...
Acho incrivel, onde nas cidades desenvolvidas se faz uma coisa destas...
É uma confiança que nao sei explicar, e nao pedem nada, dao o pouco que teem e onde comem 4 come mais um ou dois.
É assim, esta gente, e este gesto, nao deixou de me tocar.

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