3.4.11

Diary travel to Marroco * Diário Viagem a Marrocos * Marruecos Diario de viaje * Carnet de Voyage Maroc*** Boulmane


Não sei onde está o 1º caderno com a descrição da viagem entre o dia 22 de Dezembro, e o 14 de Janeiro, assim, que vou relatando o que tenho do 2º caderno.

14 de Janeiro de 2011 Boulmane
Deixámos Rissani e partimos em direcção a Boulmane.
Acampámos perto de Alnif, fizemos as compras para o jantar e fomos procurar um sitio para acampar. Encontrámos um descampado, montámos as tendas, fomos procurar lenha para fazer o fogo para cozinhar a tajine, fazer o chá e aquecer as mãos.



 O Ahmed fez uma deliciosa tajine e o chá servido a preceito a aquecer-nos o coração.
De manhã, ao acordar, vimos que havia um rio seco, como se encontra muitos nesta zona, e em frente, uma montanha que o Paul escalou ao acordar.
Em qualquer local que se monte a tenda são pequenos paraísos. É lindo viver no campo, a céu aberto, sem nunca saber como será o dia seguinte.
Parámos agora em Tinerir para comprar comida e o carvão para logo á noite.
Entretanto, recebemos um telefonema do Hassan, o dono do Hotelhttp://www.kasbahennasra.net, em Rissani, e onde tivemos o previlégio e o luxo de estar. Este Hotel, não é 5*, é uma nuvem de estrelas !
Hassan, vem de viagem de Marrakesh, onde tem o outro hotel, evem-se juntar a nós logo ás 18h em Boulmane, perto de Gorges du Dades.
Aqui, já se faz sentir mais o frio, apesar de fazer sol, já se avistam as montanhas nevadas do Anti Atlas. Deslocamo-nos para noroeste.
Chegámos a Boumane, já depois do pôr do sol, bebemos um chá no hotel kasbaha et dades, com uma vista panorâmica para poente, onde o céu desenhava um véu vermelho, contornando a montanha e deixando os últimos vestígios das cores solares antes do cair da noite.
Estamos já perto de Gorges du Dades, uma cadeia rochosa com cerca de 200 kgs separada por um rio. Á medida que a altitude vai subindo, a temperatura vai descendo.
Seguimos caminho procurando um local para acampar. Encontrámos perto de uma ponte um espaço descampado. Estacionámos e fomos fazer o reconhecimento do local, pois já era noite cerrada.
Encontrámos uma casa de pastores, feita em terra. Parte do telhado não existia, deixando ver o céu. Havia palha e excrementos de cabras, ovelhas e animais de maior porte. Num dos cantos havia vestígios de uma fogueira. Aquele local fez-me vir uma imagem á mente, a manjedoura onde Jesus nasceu.
Fomos procurar lenha, toda aquela zona cheia de pedras, havia sido outrora, um rio.
Fez-se fogo e o comer.
Fez-se silêncio
Nas palavras que ficaram por dizer.
A noite vai alta,
o ar frio gela-nos os pés,
a lua continua a crescer
abrindo um espaço vazio,
onde as estrelas não têm escuridão onde brilhar a sua luz.
Caminhemos pois, em silencio,
A noite pede para estar sós.
Subimos a montanha escarpada
Alumiados pela lua
Que desenha as nossas sombras na montanha.
Escalamos rochas, mãos e pés agarrados ás pedras que desenham o caminho.
O ar nocturno gela-nos as faces,
A caminhada aquece-nos os pés.
Subimos até ao topo.
Lá de cima, posso ver as nossas silhuetas desenhadas pela lua, lá em baixo no vale.
Sombras silenciosas
Procurando respostas.
Que estará para lá de nós ?
Descemos por um caminho diferente,
Uma encosta ingreme abre-se á nossa frente.
As pernas tremem, faltam as forças.
Por um momento senti vontade de deixar-me cair e chorar.
Dizer, não posso mais !
Não o fiz.
A encosta cobria-se de pedras roliças e soltas.
Descia devagarinho, não me fosse faltar o chão.
Voltámos a subri e voltámos a descer, por outros trilhos, para encontrar o caminho de volta.
Já alguma vez experimentaram fazer escalada e montanhismo á noite, á luz da lua ?
Devo ter fechado os olhos por um momento e entrado noutra dimensão.
Nesse tempo, algo se passou aqui.
Não vi, não percebo.
Silencio...
Estar sós...
Rendo-me e finalmente faço cama no lugar do pendura do Jeep.
Cubro-me com dois cobertores, tremo de frio, gelam-me os pés.
Encosto a cabeça á almofada do banco, olho pela janela e agradeço ao menos por ter a companhia das estrelas nesta noite gelada.
Tapo a cabeça com os cobertores e vou tiritando de frio, esperando que a noite passe rápido e o sol me aqueça.

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