16.12.09

Varanasi - 15 Dezembro de 2009 - Diary Travel to India * Diário viagem India * India Diario de viaje * Voyage en Inde Diary

Apos duas noites no comboio chegamos a Varanasi as 6h da manha. Na estacao so via gente e malas, malas e gente. E mendigos todos cobertos a dormir no chao. Fomos levados por um simpatico motorista e seu ajudante, num rickshaw para um pequeno paraiso no meio desta cidade onde se vive a pobreza nas ruas a cada passo que se da. Aqui, na estalagem Singh Guest House, junto as margens do Ganga e fechada para o exterior, tem um pequeno relvado dentro, os quartos teem casa de banho e sao acolhedores, tem internet, pagamos por 8 noites, 1400 rupias no total por pessoa, cerca de 20 e poucos euros. Saiu cerca de 275 rupias por pessoa e por noite. Menos de 4 euros. Incrivel nao?? E este preco porque pagamos tudo adiantado. Que sorte e que bom...



Apos a pratica de yoga e de lavar a roupa, saimos para almocar.
Meu Deus, as ruas...quanta pobreza, tudo muito velho.
Vi imagens surreais, como pessoas a passar a roupa a ferro na beira das casas (entenda se como uma lavandaria) vi um velhote a passar roupa com um ferro a carvao, dos antigos, do seculo passado.
Vi vacas, caes, cabras, porcos, macacos, aguias, falcoes, pombos, corujas, livres pelas ruas, passeando se junto as pessoas, todos a conviver em harmonia. Aqui, os animais sao felizes. Sinto me na arca de Noe!!! E estou tao feliz por ter o previlegio de pisar este chao sagrado. Ve se uma vaca a cada canto, doceis, passando se vagarosas, na sua infinita calma (entenda se que na india as vacas sao sagradas, pois a vaca contem todas as divindades dentro dela. A vaca da a vida, da o leite, que e o alimento dos Deuses. Existem imagens de Xiva com uma vaca ao lado).

Perguntamos a uns Brahmans (homens de Deus) o local mais barato das redondezas para comer e aqui viemos a parar, a um local pequenino, humilde, onde se come bem, pagamos no total por 4 pessoas 100 rupias (1,50 euros), nao e incrivel??
Na verdade, aqui nas redondezas, todos os locais para comer sao vendedores ambulantes a vender comer feito na hora, ao ar livre.

Fomos ao templo de Durga...todos os rituais...flores...pulseiras vermelhas no pulso esquerdo...a forma como os Indus veneram os Deuses e ... ...faltam me as palavras.

Apos comprar uma roupinha (pois estou quase sem roupa, enviei tudo por correio de volta para casa, na India nao me sinto comoda com roupas ocidentais), fomos ver a cerimonia do Arati nas margens do rio Ganges.
Nao tenho palavras para descrever. Ainda que quisesse. Estaria a banalizar algo tao sagrado e divino, cuja beleza e profundidade espiritual tem de ser vivida ao vivo.
Apenas fechei os olhos, e entao, nao sei porque, comecei e recordar pessoas que me sao queridas, e que ja nao habitam o mundo dos vivos. Principalmente a minha querida madrinha que era para mim como uma segunda mae, foi apos a sua morte em Dezembro de 2007 que despertei para uma nova vida latente em mim.
Pedi que suas almas fossem livres e se elevassem a Deus. As lagrimas escorreram...
...

Apos isso fomos jantar, deliciamo nos com as maravilhas da cozinha Indiana, e aqui comemos que nem reis, pagamos 140 rupias, cerca de 2,50 euros, no total para os 4.

Viemos caminhando pelas ruas mais movimentadas de Varanasi, esta deve ser a rua principal, onde se ve comercio de todo o tipo de coisas a vender, desde comida, artesanato, e as melhores lojas de roupas....ai...as roupas....tao liiiindas...
Aqui se passeiam pessoas, rikhaws, a motor e a pedal, bicicletas, vacas e caes. Carros nao se ve muito, e muito raro ver um carro por aqui.
De caminho a pensao metemo nos por guetos da largura de um metro, onde ainda compramos chikki, um doce, neste caso era sementes de sesamo com jaggery (acucar especial), e delicioso!
Pelos guetos perdemo nos e viemos parar de novo ao ganges.

Ainda bem que nos perdemos, pois pude ver a realidade nocturna nas margens ou gats do Ganga.
Grupos de rapazes a jogar as cartas a dinheiro, outros a jogar um jogo que e muito popular aqui que se chama Gilli-Danda, ainda fomos abordados por outros a venderem axe.
Vimos tambem naquele momento 3 corpos a serem cremados junto ao rio, a ceu aberto. Pude ver o cranio, ja em osso, de um dos corpos. Parece algo grotesco de se ver? Mas nao e.
Presenciei com uma calma e silencio interiores, sem grande admiracao ou alarido, sentindo de alguma forma que estas imagens nao sao novas para mim, apesar de nesta vida nunca ter visto nada semelhante.
As cidades mudam, mas aqui, na India, continuo a sentir-me em casa.
De noite e de dia sao cremados corpos de pessoas falecidas nas margens deste rio Sagrado. Assim, a ceu aberto. Nao ha caixao nem urna, nem camara fechada.
Esta e uma cerimonia que se deveria fazer principalmente no ocidente, onde a morte ainda e um tabu.
Algo a que se foge e nao se fala, como se fossemos viver eternamente.
As pessoas sao tao apegadas aos bens materiais, a vida, a familia, as ambicoes, que se esquecem que um dia, todo o seu precioso mundo material se vai, inclusive o corpo onde a alma habita, esfumando se pelos ceus, no eter.
Assim que ao ver aqueles corpos esfumando se no ar, nos faz pensar: Para que as discussoes, as guerras que devastam vidas, a ambicao desmedida em nome do materialismo e poder, para logo adoecer a seguir devido a raivas, frustacoes e ansiedades vividas devido a essas mesmas ambicoes, possessividade e gosto pelo poder, possessividade pelas falimias e amores, para vermos que no fim, tudo o que e material nesta vida, se vai, perece.
Pode se ter de tudo um pouco, mas, sem apego, vivendo cada momento com a consciencia que podemos perder esses bens ou essas pessoas, pois nada nos pertence.
Quando se vive assim, nao se sofre tanto com as perdas na vida, nem se tem esgotamentos e depressoes por perdas de entes queridos ou bens materiais.
Viver sem apego, livres, mas de uma forma amorosa e pacifica.
No final, o corpo regressa aos cinco elementos, no ciclo da vida e da morte, o ar, fogo, eter, agua e terra.
E muitos dos ocidentais que nos cremos tao evoluidos ainda nao sabemos lidar com a morte.
Nao queremos ver que ao nascer, nao ha nada tao certo como morrer. Tudo o resto sao variaveis que criamos na vida e que faz de nos aquilo que somos, em cada momento.

Continuamos a caminhar, e do alto de um templo junto ao rio, nos sussurrou uma coruja, dando nos sinal da sua silenciosa e sabia presenca.

Abraco da Mae India

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Sónia
Saraswati
www.oteucaminho.blogspot.com

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