28.12.09

Varanasi 23/12/2009 - Diary Travel to India * Diário viagem India * India Diario de viaje * Voyage en Inde Diary

Varanasi, a cidade Santa.
Que hei de dizer deste local sagrado?
Falar que esta e a cidade de Parvati, a mulher de Shiva, que Shiva desceu das montanhas para viver aqui com ela...
Falar de como esta cidade me faz sentir como vivendo na Arca de Noe, por todas as especies de animais que aqui vivem em liberdade, em harmoniosa convivencia com os seres humanos...



Aguias, sobrevoando em circulos enquanto fazia yoga no terraco da estalagem entre as 6h30 e as 9h da manha, as corujas anunciando nos a sua altiva presenca na noite escura, pombos e outras especies de passaros tipicos desta zona, gaivotas amontoando se no rio sobre os barcos onde havia comida para elas, macacos passeando se pelos telhados, astutos, passando por nos e ao menor descuido levando nos algum saco esquecido, oculos, maquinas fotograficas, brincando no meio das criancas descalcas a beira rio, esquilos assustadicos subindo apressadamente as arvores, cabras vestidas com camisolas de la, passeando se com todo o seu estilo pelos ghats a beira rio as 7h da manha, relembrando nos com as suas camisolas vestidas, do frio que se faz sentir de noite aqui no norte da India, vacas, umas pele e osso, pois vivem do lixo das ruas, aqui na cidade nao ha erva para elas, outras mais bem tratadas, umas escuras, outras malhadas e outras todas brancas, como Nandy, a vaca de Shiva. Nesta cidade a maioria dos caes nao tem dono, sao vadios, mas as vacas sim, tem dono e casa onde ficar, onde a noite regressam. De dia vao dar a sua volta, passeando se lenta e pacificamente pelas movimentadas ruas da cidade, misturando se com as bicicletas, rickshows, carros, pessoas, ou pelos estreitos e antigos guetos, onde nao cabe muito mais que uma vaca! E de trazer um banquinho e sentar na rua mais movimentada da cidade, perto do rio, a hora de ponta, pelas 20h, e ficar a observar o hilariante cenario de ter uma vaca enorme, literalmente parada no meio da estrada, fazendo para o transito e desesperar os motoristas. E voces creem que alguem tem coragem de buzinar??? Nao!!! As vacas sao sagradas! Nao se buzina a uma vaca! Gatos acho que so vi um, vimos uma quantidade absurda de caes vadios e cadelas com ninhadas de cachorrinhos. Agora imaginem, com toda esta animalada a solta, os aromas a excrementos que se fazem sentir!
A este cheiro, junta se o fumo dos crematorios constantes a beira rio, e a poluicao do transito da cidade, e lixo, espalhado aqui e ali. Caixotes do lixo? Nao ha, e mesmo para o chao que se deita o lixo.

Criancas pequeninas, descalcas a pedir esmola e outras maiores a trabalhar. Pessoas e casas pobres, muito pobres...

Um templo a cada canto da cidade, um local onde fazer pujas a cada esquina, a devocao das pessoas a espiritualidade, aos Deuses e ao rio Ganges.
A devocao das pessoas...
A fazerem pujas no rio, a deitarem flores e velas acesas ao rio, um carro ambulante a vender comida a cada canto, lojas com roupas calcado, artesanato, muito boas livrarias e lojas de instrumentos musicais Indianos. Aqui, ha algumas fabricas de sedas e de roupas Indianas e tecidos.

Era perto das 17h quando fui ao rio deitar uma ultima vela no Ganga, pela saude, amor, proteccao e vida abencoada ao Sol que nos tem acompanhado e iluminado nesta viagem.
Nao queria vir ja embora.
Por um lado sabia que 9 dias aqui foram mais que suficientes.
Por outro lado, sentada junto a agua, da mother Ganga, as lagrimas escorriam incessantemente, fundindo se nas aguas abencoadas.
Tal nao me aconteceu quando deixei o Ashram Sivananda em Neyar Dam, mas aconteceu aqui.
Tera ficado aqui um pedaco de mim?
Ou terei vindo resgatar parte de mim aqui? De vidas passadas...
Esta noite sonhei que nestes ghats, num crematorio com varias plataformas, na plataforma de topo, na mais alta, assistia a minha propria cremacao. Sem dor, sem lagrimas, serena, aceitando, pacificada.

Sim, e uma cidade com uma energia bastante intensa e pesada.
Ha que ter espirito e coracao aberto para vir aqui.

Aqui, vim tambem resgatar a parte mais feminina de mim.
De repente dei por mim com roupas e acessorios indianos e saia a rua com brio, maquilhada, com o cabelo apanhado e arranjado. Era como se uma aura de beleza me envolvesse, relembrando nos que a beleza, a feminilidade, para as mulheres, nos acompanha para onde quer que os ventos nos levem.
Jamais vi tamanha beleza como vejo nas mulheres indianas. Desde meninas pequeninas ate velhinhas, usam pulseiras nos tornozelos, nos pulsos, aneis nos dedos dos pes e brincos nas orelhas e nariz, e o sinal na testa.

Pus as maos na agua do rio, molhei a cara lavando as lagrimas, molhei a testa e a nuca e fui, de mao dada com a Gaby, que me acompanhava nesses momentos, enquanto o Atul ja estava com os cabelos em pe e as maos na cabeca a nossa espera na estalagem a dizer que iamos perder o comboio para Nagpur.

Apos uma corrida contra o tempo num rickshaw super lotado de malas e 5 pessoas, la chegamos a estacao de comboios, a hora certa do comboio, as 18h, comboio este, que tivemos de esperar quase 2 horas para que chegasse!
Olhei para o lado esquerdo da estacao, e eis que o sol se aproximava da despedida daquele dia. Deixava se poisar em tons laranja no horizonte entre duas palmeiras.
Foi o ultimo presente de Deus naquela cidade. Obrigado.

A quem o coração inspire esta vontade, pode deixar donativos para ajudar nesta viagem, não existe um mínimo nem um máximo, apenas uma vontade inspiradora de ajudar.
NIB: 0033 0000 45305197428 05
IBAN: PT50 0033 0000 4530 5197 4280 5
BIC/SWIFT: BCOMPTPL

Abraco da Mae India
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Sónia
www.oteucaminho.blogspot.com

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