9.6.10

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Cantinhos de Portugal - Castelo de Vide, 29 de Maio de 2010

06h20 da manhã, anjos vieram num doce despertar, trazendo as matinais melodias das andorinhas, despertando com a ténue luz do novo dia que começa.
Falei com eles nos sonhos de uma preguiça que teima em ficar no quentinho dos lençóis.

Após o duche, tomámos o pequeno almoço na esplanada de uma pastelaria cuja porta principal dá para a praça da igreja matriz.
Já com o sol alto, podíamos ver o vale e as serras, um quadro de natureza verde, alimentando a nossa alma.
Tomámos o pequeno almoço em silencio.
Para que palavras a deturparem o som dos passarinhos e a paz que tudo diz?

Entrámos na igreja matriz.
Descalcei os chinelos á entrada, e entrei descalça. Depois de estar na Índia, e de entrar descalça nos templos, e em todas as casas ou lojas cuja religião dos donos é hindu, a consciência pede para me descalçar perante locais sagrados. Entendam-se por igrejas, templos ou casas.
Os locais mudam, os cenários variam, mas a consciência é una.
Igreja antiga, com tradição. Tinha no tecto pintado em pedra, o símbolo do ajna chakra, com duas pétalas. Coincidência?...
Nas Santa de Nossa Senhora vários ramos de rosas. As religiões vão variando, a forma de prestar culto vão sendo semelhantes.

Viemos até á barragem da Póvoa.
No caminho de 10 kms, campos fugidio vestidos pela Mãe Primavera.
Mãe Natureza, fecunda, vestiu sua filha Terra de um manto pintado de branco, amarelo, violeta, lilás...
Tantas flores juntas fazem tão lindo cenário. Já uma sozinha, nem se via.
Assim é a união amorosa entre os Homens na Terra, por um mundo melhor.



Senti-me flor, senti-me arte daquele prado, daquele mundo vivo, e senti, como flor, a dor de nos cortarem o caule, num gesto seco, na esperança de levarmos para casa parte daquela natureza.
Para que?
Se a flor do campo fora da sua Terra Mãe, morre.
Tal como os seres puros, privados da sua liberdade de ser, asfixiam.

Chegámos á barragem.
Nada.
Um lago rodeado de prado e planície.
Escuta, observa, sente.
Escuta os passarinhos a falarem uns com os outros, passarinhos de diferentes raças, sem fronteiras nem burocracias a separá-los.
As rãs a conversarem com o lago, de tempos a tempos.
Observa a cegonha com as suas grandes asas abertas, planando sobre as águas do lago tranquilo.
Sente o Sol a aquecer e a dar luz num céu azul pintado de raras e ténues nuvens brancas, em perfeita comunhão com o verde do prado.
Dois cães que brincam despreocupados.
A borboleta que voa beijando as flores do prado florido.

Feliz daquele que se maravilha com os dons que a Terra, o Céu, o Fogo e a Água nos oferecem.

Gratidão.
Nada peço.
Tudo agradeço.

Sónia dos Santos Oliveira

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